quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sem assunto, um assunto

Se eu tivesse algo para dizem em um blog, já teria criado um. Quando eles surgiram – então chamados weblogs, tidos como diários pessoais na web, tanto quanto possível recheados de hiperlinks –, em torno de 1997, se não me engano, eu já era um feliz navegador da internet discada, dono de um modem de 4.800 kbs, mais rápido do que o de 2.400 que então usava desde antes de minha primeira conta Embratel, a pioneira provedora de acesso comercial no Brasil, em 1994.
Se eu fosse um ególatra, reivindicaria um lugar na história da tecnologia digital no Brasil: foi minha a primeira conta de internet na leal e valorosa Imperial Cidade de São Luiz do Paraitinga, no alto Vale do Paraíba, em São Paulo.
Se eu estivesse preocupado com a audiência deste LinotipoDigital, afora o compromisso assumido com o nosso professor Caio Túlio, me daria por satisfeito se cada um dos amigos informasse da sua existência (dele, do blog) ao seu amigo e ao amigo do seu amigo, já que, de algum modo, o Degas aqui precisa arrumar um jeito de alavancar audiência para não correr o risco de ser mal avaliado em uma das disciplinas de um curso pelo qual paga-se caro. Se um disser para outro, e assim sucessivamente, quem sabe se reproduz aqui uma história que ouvi no ginásio (ops!, “curso ginasial”, vai ser old fashioned assim no... deixa pra lá), dizia da história de um jogador de xadrez que ganhou uma partida decisiva contra um rei que se sentia o imperador da cocada preta. Acho que é uma fábula do Malba Tahan. Si non è vero, è bene trovato.
O rei impressionou-se com a rapidez com que fora derrotado e propôs ao contendor (digamos que este era um escravo, a caminho do cadafalso, para dar um pouco mais de molho nesta falta de assunto) que pedisse o que quisesse como prêmio pela vitória. O escravo (vá lá, era um escravo!) pediu o seguinte: o tabuleiro de xadrez tem 64 casas. Ele quis do rei que se colocasse um grão de trigo na primeira casa, dois na segunda casa, quatro na terceira, dezesseis na quarta, 256 grãos na quinta, e assim sucessivamente, sempre dobrando o número de grãos.
– Mole pro gato – teria dito Sua Majestade, em concessão populista ao linguajar do interlocutor.
Ocorre que, nessa balada, ao chegar à 64ª casa, o rei descobriu que a quantidade de trigo que deveria ceder era maior do que a capacidade de produção do reino. Não apenas maior, mas muuuito maior.
Duvida? Experimente fazer a conta. Depois me diga. E se leu até aqui, o efeito da multiplicação já terá sido notado neste blog. O que era audiência 1, a minha, passou para audiência 2, você.
Dobrou!!!

4 comentários:

  1. Boa, Egypto. Resumiu o sentimento que muitos colegas tem em relação ao blog - eu entre eles. A história do xadrez eu li pela primeira vez no Homem que Calculava, mas depois já encontrei em outros livros atribuída a outros autores... abs

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  2. Egypto!!
    no fim das contas deu um assunto muito bom....
    me diverti!!

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  3. Olá professor. Sim, a história é de Malba. E que cheguem logo as cotias do sertão, com suas notícias e confusão, pra gente botar a fantasia. Abraços, Débora

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